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Em defesa de memorial, Margarida Carmo de Souza é promovida a professora titular

  • Publicado: Segunda, 02 de Setembro de 2024, 20h01
  • Última atualização em Sexta, 13 de Setembro de 2024, 19h01
  • Acessos: 344
           Doutora em  Química pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB) Profa. Dra. Margarida Carmo de Souza defendeu memorial acadêmico no dia 16 de agosto, e foi promovida a professora titular do Instituto de Ciências Exatas e Tecnologia da Universidade Federal do Amazonas, em Itacoatiara, sendo a primeira a se tornar professora titular no instituto, dessa forma a comissão de comunicação escreveu, junto a professora, esta matéria não apenas da promoção mas para a comunidade conhecer mais de perto um pouco mais quem é a professora Margarida Carmo.
imagem sem descrição.

 

  • A DEFESA

A defesa que aconteceu na modalidade on-line, via google meet, e teve como título:

MEMÓRIAS FORMATIVAS E DA PROFISSÃO DOCENTE: NARRATIVAS DE UMA PROFESSORA UNIVERSITÁRIA NO INTERIOR DO AMAZONAS

 Momento da defesa e participantes.

 

A defesa contou ainda com os seguintes membros da mesa de defesa:
Prof(a). Dr(a). Jamal da Silva Chaar – UFAM – Presidente 
Prof(a). Dr(a). Kelly das Graças Fernandes Dantas – UFPA
Prof(a). Dr(a). Marta Maria da Conceição – UFPB
Prof(a). Dr(a). Teresa Cristina Bezerra Saldanha – UFPB

  • A VIDA NO INTERIOR DA PARAÍBA E BREVE MARCO ACADÊMICO

Nascida em 10 de março de 1975, de parto normal, realizado em casa, no Sítio Malheiros, zona rural do município de Coremas, cidade localizada no sertão da Paraíba. Filha de Severina Rosa de Souza, alfabetizada, e Valdevino Carmo de Souza, analfabeto. Minha mãe é a principal responsável pela minha inserção no mundo do conhecimento. Apesar da pouca oportunidade que teve de estudar, sempre valorizou e estimulou seus filhos a estudarem, até mesmo quando não entendia cada etapa vencida no nosso processo de formação.

Minha primeira “escola” foi a casa da “professora Benedita” - in memorian do projeto MOBRAL – Movimento Brasileiro de Alfabetização, criado através da LDB 5.692/71 que municipalizava o Ensino rural e no qual o professor não necessitava ter formação específica. Foi nesse projeto que fui alfabetizada aos 6 anos.

Minha primeira escola formal foi a Escola Estadual 31 de Março, onde estudei no período matutino da primeira série até a quarta, do então ensino primário. Para concluir na educação básica estudei em mais duas escolas estaduais Compositor Luis Ramalho (fundamental II) e Cônego Luiz Gonzaga de Oliveira (ensino médio), localizadas em João Pessoa, para onde a família se mudou em 1986, em busca de novas oportunidades.

Já no primeiro ano do Ensino Médio, meu professor de química, Prof. Cazuza (in memorian) com fama de durão, mas com o qual me identifiquei, pois os desafios são molas propussoras para que eu desempenhe as minhas atribuições com maior dedicação, foi minha inspiração para a definição da minha profissão (professora de química). Foi a cobrança dele que me levou a escolha do curso de licenciatura em Química no processo seletivo de ingresso na UFPB.

O ingresso na UFPB também me remete a um registro importante na minha memória: o dia da inscrição no vestibular, que era realizada de forma presencial, em um ginásio da Universidade Federal da Paraíba (UFPB). Minha gratidão, a minha vizinha na época, Josélia, que pagou minha passagem de transporte público até o local da inscrição, e através desse gesto, possibilitou que eu continuasse minha jornada educacional. A inscrição era gratuita, mas nesse dia, minha mãe não tinha nem o dinheiro para o transporte público. Através de pequenos gestos, as pessoas que nos rodeiam mudam o rumo da nossa história. Dessa forma, nossa história é concomitantemente passado e presente, e revivênciá-la, apenas reafirma o papel transformador da educação, em especial a universitária, em concordância com o pensamento de Paulo Freire (1996), “se a educação não pode tudo, alguma coisa fundamental pode, como transformações sociais e modificação da realidade”. Essas palavras do autor, corrobora com a minha compreensão de que a educação possibilita a transformação da realidade social em que vivemos, é por meio dela que conseguimos enxergar o mundo com outras lentes: a do conhecimento crítico, da responsabilidade social enquanto cidadã e professora-pesquisadora.

Em 1993, ingressei na Universidade Federal da Paraíba, no Departamento de Química para cursar Licenciatura em Química, noturno, pois planejava e precisava trabalhar para poder pagar as despesas decorrentes de transporte e materiais básicos para estudar. E assim o fiz nos dois primeiros semestres, trabalhava com aulas de reforço escolar de diversas disciplinas do ensino fundamental durante a semana (minha primeira experiência como professora), e nos finais de semana como diarista e babá.

No primeiro semestre, consegui me destacar na disciplina de Química Geral I, ministrada pelo Prof. Josué, que no final do segundo semestre me informou sobre uma oportunidade de bolsa de Iniciação Científica (IC) com o Prof. Alberto Marques, que se tornou meu orientador de IC de 1994 a 1996.

Em 1997, ingressei no mestrado, na área de fisico-química, na UFPB, pemanecendo com o mesmo orientador e dando continuidade a linha de pesquisa desenvolvida na IC, apenas inserindo novas técnicas inerentes a pesquisa no nível de mestrado.

Terminando o mestrado, em 2000 ingressei no Doutorado, também na área de físico-quimica. Porém, o meu orientador se ausentou por um período de 2 anos para realizar um pós-doc. Em função disso, mudei de orientador e de área de estudo. Conclui meu doutorado em 2004, sob a orientação do Prof. Mario Ugulino, na área de Química Analítica.

Da graduação ao doutorado, dediquei-me exclusivamente a vida acadêmica graças ao sistema de concessão de bolsas do Governo Federal. Após a conclusão do doutorado, em 2005, tive a minha primeira experiência docente no Ensino Superior, sendo professora substituta na área de Química Analítica, no Departamento de Química da UFPB, por 1 ano. Havia a possibilidade de renovação do contrato. Contudo, outra oportunidade surgiu e junto com meu parceiro de caminhada (Kleber), decidimos que para criar um filho de 2 anos (meu primogênito Kayan) precisávamos ter coragem e estabilidade financeira.

 Em 2006, meu ex-orientador de mestrado estava montando um laboratório de Pesquisa na área de Química na Escola Superior de Tecnologia da Universidade do Estado do Amazonas e convidou-me, junto com a minha primeira amiga de IC, para colaborar no desenvolvimento do projeto, financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas – FAPEAM e através do Edital DCR (Denvolvimento Científico Regional) que tinha como um dos objetivos fixar doutores no Amazonas, voltei novamente a condição de bolsista. Essa condição não nos oferecia necessariamente estabilidade financeira, mas vislumbrava a realização de concurso público, pois nesse período no Amazonas os concursos eram mais frequentes e menos concorridos que no restante de país.

  • A CHEGADA À UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS (ICET)

Em 02 de outubro de 2006 cheguei no Amazonas, com o desejo de contribuir na estruturação de um laboratório de pesquisa, mas também sonhando com a possibilidade de realizar concurso público para a Universidade Federal que apresentava maiores chances de aprovação do que no Nordeste.

Logo no mês seguinte, novembro de 2006, foi publicado um edital pela Universidade Federal do Amazonas com vagas para diversas áreas nos campi do interior, dentre elas, vagas para a área de Química. Sem conhecer muito a região, escolhi o campus de Itacoatiara simplesmente pelo fato de ter acesso terrestre. Em 20 de junho de 2007, o sonho da estabilidade no serviço público foi concretizado com a posse na função de professora do magistério superior para a Unidade Acadêmica Permanente de Itacoatiara, Campus Moysés Benarrós Israel.

 

  • O QUE SIGNIFICA O MOMENTO E QUAIS OS DESAFIOS DAQUI PRA FRENTE?

A mudança de classe de Associado 4 para Titular significa reconhecimento pessoal e profissional, que consolida anos de dedicação, esforço e contribuição na Educação Superior no interior do Amazonas e reafirma meu desejo de continuar colaborando na formação de muitos amazônidas.

A minha história foi transformada pela educação, portanto meu compromisso é continuar desenvolvendo trabalhos de ensino, pesquisa extensão e administração, e dessa forma também poder contribuir, por meio da educação, na transformação da vida de outras pessoas. Continuar exercendo a docência é um compromisso social, pois sou grata por ter tido a oportunidade de estudar em universidade pública de qualidade e com apoio financeiro de bolsas de pesquisa, da iniciação científica ao doutorado, que foram fundamentais para eu chegar até aqui.

 

 

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